Nem ver despontar rosas na alvorada,
nem lírios um regato a debruar,
nem ramo de ave ou alaúde a soar,
nem gema no seu ouro bem cravada,
nem gargantinha a zéfiros passada,
nem o ranger da nave sobre o mar,
nem ninfa em águas ledas a bailar,
nem ver a tudo a primavera dada,
nem campo armado e em lanças eriçado,
nem antro em verde musgo atapetado,
nem cimos da floresta em suas tranças,
nem rocha onde o silêncio santo nasce,
me alegram mais que o prado onde pasce
este meu esperar sem esperanças.
Vasco Graça Moura in "Alguns Amores de Ronsard"
(Ana Cortinhas)
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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