Ai, que plantaram cardos por suspeita
No meu jardim de rosas de algum dia!
Quem é que azedos em meu vinho deita?
Um triaga tal, quem na engolia?
E o búzio de sonhar, de boca estreita,
Onde a maré da minha infância ardia?
Seu musgo e já verdete. A vida espreita
E arruina tudo o que a nossa alma cria.
Aceitarei os cardos para rosas:
Meu sangue estimulado as dá de si
Como todas as coisas preciosas.
E para o vinho azedo e quente o tenho ali
Para as noites mais frias e saudosas -
Que outro não quero mais, se o já bebi.
Vitorino Nemésio
(Ana Cortinhas)
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
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