quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte

A planície é um brasido e, torturadas,

As árvores sangrentas, revoltadas,

Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!Árvores!

Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

Florbela Espanca

Um comentário:

erva daninha disse...

Tenho a certeza que foi por distracção, também já foi há algum tempo, mas este poema já foi colocado a 13 de Novembro de 2008 pela Ana Paula Madeira.
Peço desculpa a quem o colocou mas achei que era melhor avisar.
Ana Cortinhas